Clevelândia: anarquismo, sindicalismo e repressão política no Brasil

 

 

 

 

 

 

INFORMAÇÕES:

Título: Clevelândia: anarquismo, sindicalismo e repressão política no Brasil
Autor: Alexandre Samis
Editora: Entremares; Intermezzo
Idioma: Português
Encadernação: Brochura
Dimensão: 16 x 23 cm
Edição:
Ano de Lançamento: Novembro de 2019
Número de páginas: 472
Preço: R$ 60,00

SUMÁRIO:

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TRECHO INTRODUÇÃO:

Apreciação inicial

Originalmente apresentado como dissertação de mestrado ao Departamento de História da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, no ano de 2000, este texto, com todos os seus prováveis limites, pretende lançar alguma luz sobre o complexo aparelho montado pelo Estado brasileiro por toda a década de 20, ou mesmo antes dela, para obstaculizar as iniciativas populares mais organizadas.

Para tanto, optamos pela análise da problemática que resultou na repressão aos militantes operários anarquistas, nas suas diversas formas e sentidos, privilegiando, como exemplo de conduta do próprio governo e, ao mesmo tempo, como símbolo de resistência, a Clevelândia do Norte, hoje situada no Estado do Amapá. Este estabelecimento oficial, localizado em área limítrofe com a Guiana Francesa, inicialmente utilizado como região de colonização, transformou-se, muito cedo, em área de reclusão, espaço de confinamento que possuía, na densa floresta, o limite imaginário e ao mesmo tempo concreto para os internos. Para o Oiapoque foram enviadas, além de lideranças anarquistas, algumas levas de operários imigrantes, brasileiros de várias procedências e dissidentes políticos.

Quem foi para a Clevelândia? Por que, entre tantos revolucionários do período, só os mais pobres foram parar no desterro que consumiu a existência de mais da metade dos deportados? Que fatores teriam contribuído para que o episódio, bastante traumático em sua época, recebesse dos historiadores tão pouca atenção?

Buscando, fundamentalmente, responder a tais questões, iniciamos intensa investigação lançando mão de variado manancial documental em instituições do país e fora dele. E, através desse esforço inicial, acreditamos ter logrado preencher importantes lacunas, não apenas no que se refere ao episódio do Oiapoque, como também de aspectos bastante interessantes e obscuros relativos às perseguições políticas nas primeiras décadas do século XX. Tais informações e necessidades que se nos foram apresentando no decorrer da investigação das fontes documentais, operaram sobre a proposta inicial significativa transformação. As demandas de um trabalho mais amplo e esclarecedor determinaram, para a descrição do caso da Clevelândia em si, um espaço mais modesto na proporção final do texto. Acreditamos justo o sacrifício de tal proporcionalidade, na medida em que percebemos a importância de se estabelecer na obra uma análise razoável da história da repressão aos movimentos de massa durante a República. Tarefa pouco simples, entretanto, fundamental quando se concebe a História como algo mais que a simples união de fatos com significados encerrados em si mesmos.

A produção do corpo do trabalho certamente proporcionou ao tema da Clevelândia algo mais que as referências fragmentárias, dispersas e isoladas; destinadas, via de regra, ao assunto.